A endometriose é uma condição comum que afeta muitas mulheres em idade reprodutiva. Ela ocorre quando o tecido semelhante ao endométrio, que normalmente cresce dentro do útero, cresce fora dele.
E, apesar de ser comum entre o público feminino, a endometriose ainda é um tema pouco falado. Por isso, carrega diversos estigmas e mitos que podem gerar dúvidas em muitas mulheres.
Sendo assim, neste artigo, trouxemos os 6 principais mitos sobre a endometriose profunda para sanar dúvidas e auxiliar na disseminação de informações sobre essa patologia.
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1. “A endometriose profunda causa infertilidade.”
Mito.
Uma das maiores preocupações das mulheres com endometriose profunda é a infertilidade. Muitas vezes, essa condição é associada à dificuldade em conceber, mas será que a endometriose profunda sempre causa infertilidade?
A resposta é: não. Afinal, apesar de poder afetar a fertilidade da mulher, ela não é uma sentença de infertilidade para todas as pacientes.
A relação entre a endometriose profunda e a infertilidade é complexa e varia de mulher para mulher.
No entanto, é válido ressaltar que a endometriose profunda pode afetar, sim, a fertilidade de várias maneiras, pois pode causar aderências e cicatrizes nas trompas de falópio, o que pode dificultar a passagem do óvulo do ovário para o útero.
Além disso, a endometriose profunda pode afetar a qualidade dos óvulos ou a implantação do embrião no útero.
No entanto, apesar desses fatores, algumas mulheres com a condição podem conceber naturalmente, enquanto outras podem precisar de tratamentos de fertilidade, como a fertilização in vitro (FIV) ou inseminação artificial.
É importante lembrar ainda que a endometriose profunda não é a única causa de infertilidade. Muitos outros fatores, incluindo a idade, a reserva ovariana, o estado de saúde geral e a qualidade do esperma do parceiro, podem afetar a fertilidade.
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado da endometriose profunda podem ajudar a melhorar as chances de concepção.
O tratamento pode incluir medicamentos para controlar a dor e os hormônios, bem como cirurgia para remover o tecido endometrial extra. Em alguns casos, a remoção cirúrgica das aderências e cicatrizes pode melhorar a fertilidade.
2- “A endometriose profunda é um problema apenas ginecológico”
Mito.
Muitas pessoas acreditam que a endometriose profunda é apenas um problema ginecológico, mas essa afirmação é um mito.
Isso porque, embora a endometriose profunda comece no sistema reprodutivo feminino, ela pode se espalhar para outras partes do corpo, incluindo o intestino, a bexiga e o sistema nervoso.
Isso pode causar sintomas como dor abdominal, dor durante as relações sexuais e problemas de bexiga e intestino.
Além disso, a endometriose profunda pode ter um impacto significativo na saúde mental e emocional das mulheres que a vivenciam, devido à dor crônica e aos desafios associados ao diagnóstico e tratamento.
Portanto, para concluir, apesar de começar no sistema reprodutivo feminino, a condição pode se espalhar para outras partes do corpo e ter um impacto significativo na saúde e bem-estar das mulheres.
Vale ressaltar que o diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem ajudar a aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida das mulheres que vivenciam essa patologia.
3. “A endometriose profunda é uma condição rara.”
Mito.
A endometriose profunda, uma forma mais grave da doença, é menos comum, mas ainda assim afeta uma quantidade significativa de mulheres, não podendo ser considerada uma condição rara.
Afinal, estima-se que de 20% a 30% das mulheres com endometriose apresentem a forma profunda da doença. Isso significa que, embora menos comum do que a endometriose superficial, a endometriose profunda afeta milhões de mulheres em todo o mundo.
Sua forma mais grave pode causar sintomas mais intensos, como dor pélvica crônica, dor durante a relação sexual, sangramento irregular e problemas gastrointestinais, incluindo constipação e diarreia, e pode ocorrer em mulheres de todas as idades, sendo mais comum em mulheres na faixa dos 30 anos.
É importante lembrar que a endometriose profunda é uma condição tratável e que o diagnóstico precoce pode ajudar a melhorar a qualidade de vida das mulheres afetadas.
4. “A endometriose profunda é sempre visível em exames de imagem.”
Mito.
Nem sempre a endometriose profunda é visível em exames de imagem, como ultrassonografia e ressonância magnética (RM). A detecção da condição depende do tamanho, localização e profundidade do tecido endometrial afetado.
Em alguns casos, a endometriose profunda pode ser visualizada em exames de imagem, especialmente em casos mais avançados da doença, mas não podemos dizer que é algo que acontece sempre.
O ultrassom transvaginal especializado (para mapeamento de endometriose), por exemplo, é um exame bastante utilizado para avaliar a presença de cistos de endometriose nos ovários, que podem ser identificados como áreas de tecido escuro na imagem.
A ressonância magnética também pode ser útil para detectar lesões de endometriose profunda, especialmente em órgãos mais profundos da pelve.
No entanto, a doença pode ser assintomática e não apresentar nenhuma lesão visível nos exames.
Além disso, pequenas lesões de endometriose profunda podem passar despercebidas em exames de imagem.
O diagnóstico definitivo da endometriose profunda geralmente é feito por meio de biópsia com a laparoscopia, um procedimento cirúrgico minimamente invasivo em que um pequeno tubo com uma câmera é inserido na cavidade abdominal. Porém, com a evolução dos exames de imagem e melhora da capacitação dos profissionais para diagnóstico dessa doença, cada vez mais precisamos menos da cirurgia para o diagnóstico e início do tratamento.
5. “A cirurgia é a única opção de tratamento para a endometriose profunda.”
Mito.
Ainda que a cirurgia se apresente hoje como uma opção de tratamento eficaz para a endometriose profunda, ela não é a única disponível. Isso porque existem opções de tratamento não-cirúrgicos, que podem incluir:
- Terapias hormonais, como pílulas anticoncepcionais combinadas
- Dispositivos intrauterinos com progesterona
- Implantes subcutâneos de progesterona
- Agonistas do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH)
- Moduladores seletivos do receptor de estrogênio
Esses tratamentos podem ajudar a reduzir os sintomas da endometriose profunda, como dor e sangramento irregular, controlando o crescimento do tecido endometrial.
No entanto, vale ressaltar que eles podem ter efeitos colaterais, como ganho de peso, alterações de humor, diminuição da libido e alterações no ciclo menstrual.
Além disso, algumas pacientes podem não responder bem a essas terapias, o que pode levar a uma cirurgia.
A cirurgia pode ser realizada de várias maneiras, dependendo do caso específico da paciente.
A laparoscopia, por exemplo, é uma técnica minimamente invasiva que envolve a inserção de um laparoscópio através de pequenas incisões no abdômen para remover o tecido endometrial.
Em casos mais graves, pode ser necessário uma laparotomia, uma cirurgia mais invasiva que envolve a abertura do abdômen para remover o tecido endometrial.
É importante frisar que a cirurgia pode ser eficaz para aliviar os sintomas da endometriose profunda, mas não é uma cura definitiva. Por isso, é primordial discutir todas as opções de tratamento com um médico qualificado e tomar uma decisão informada.
Além do tratamento medicamentoso e cirúrgico, o tratamento da endometriose deve ser multidisciplinar, englobando mudanças do estilo de vida, redução do processo inflamatório corporal por meio de terapias holísticas, redução de contraturas musculares e redução de dor com fisioterapia pélvica, assim como terapias auxiliando no controle e enfrentamento da doença.
6. “A endometriose profunda sempre piora com o tempo.”
Mito.
Muitas mulheres que sofrem de endometriose profunda têm a preocupação de que a doença sempre piore com o tempo. No entanto, isso não é necessariamente verdade.
A endometriose profunda pode progredir, mas também pode permanecer estável por longos períodos; isso, a depender de muitos fatores, incluindo a gravidade da doença, a idade da paciente, a presença de outras condições de saúde e o tratamento.
Um estilo de vida mais saudável, incluindo uma alimentação equilibrada, a prática regular de atividade física e a redução do estresse podem ajudar a controlar a dor e a inflamação e melhorar a qualidade de vida, podendo evitar o agravamento da doença.
Como já citamos neste artigo, em alguns casos, a endometriose profunda pode levar a complicações como a infertilidade e a obstrução intestinal. Ainda assim, o prognóstico da endometriose profunda varia de pessoa para pessoa e nem sempre é previsível.
Busque sempre se informar com um profissional de saúde especializado
Esses são alguns mitos que precisamos mudar para que o máximo de mulheres possível se informe corretamente sobre a endometriose profunda.
Porém, caso você apresente mais dúvidas sobre essa patologia, consulte um profissional de saúde especializado para se informar e realizar seus exames de rotina.
Afinal, com o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, muitas mulheres com endometriose profunda conseguem controlar a doença e levar uma vida saudável e ativa.
Principalmente quando é realizado um trabalho em conjunto com seus médicos para desenvolver um plano de tratamento personalizado e monitorar a progressão da doença ao longo do tempo.